A Prefeitura de Goiânia anunciou, na última semana, que assinará um decreto que vai proibir betoneiras nas ruas da capital. A nova medida impacta diretamente o mercado da construção civil, já que as construtoras e incorporadoras deverão se adequar às novas exigências, no entanto, segue um planejamento necessário para a mobilidade urbana.

A AutImob ouviu o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, que participou de forma ativa da construção dos termos do decreto. De acordo com ele, esse diálogo está sendo feito desde a gestão anterior.

“Nós já fizemos as sugestões da elaboração desse decreto, com a participação da Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo Estratégico), com a Secretaria da Eficiência (Secretaria Municipal de Eficiência) e com a Secretaria de Trânsito (Secretaria de Engenharia de Trânsito - SET)”, detalhou Felipe.

O decreto ainda não foi assinado pelo prefeito Sandro Mabel, mas, de acordo com o presidente da Ademi, da parte que lhe cabe, as sugestões já foram devidamente alinhadas. “Da nossa parte já está pronto. As sugestões que nós demos foram acolhidas. Está faltando eles arrematarem e o prefeito assinar”, acrescentou.

Medidas previstas

As medidas que integram o decreto giram em torno da regulação de carga e descarga e da restrição de estacionamento em áreas críticas, pontos que contemplam o Plano Nova Mobilidade. O projeto foi assinado pelo prefeito no dia 7 de fevereiro deste ano, especificando estas e outras ações para melhorar a fluidez e a celeridade no trânsito de Goiânia.

Felipe explicou de que forma o decreto impacta o mercado da construção. Segundo ele, a medida impede que os caminhões betoneiras fiquem parados bloqueando o trânsito e gerando transtornos aos motoristas, mas, a Ademi, representando os associados, discutiu soluções para que as adequações contemplem ambos os lados, ocorrendo gradualmente.

“Esse decreto traz algumas condições de utilização de um “porte-cochère” ali na calçada, como está sendo feito na Avenida Jamel Cecílio, onde eles fizeram um recuo na calçada para os carros pararem. Nas obras, onde não conseguir colocar o caminhão dentro da obra por questões técnicas, quer seja de fase, quer seja de não estar pronto ainda a laje, o caminhão vai ficar parado, vai se fazer ali a carga e descarga e botar a caçamba também tirando da rua”, explica Felipe.

De acordo com ele, onde não tiver como fazer de fato, por questões técnicas, será permitido o “trabalho em horário alternativo” e a carga e descarga será delimitada em horário que tenha menor fluxo, provavelmente no período noturno.

Mudanças graduais

Segundo Felipe, o diálogo com a Prefeitura esclareceu que haverá alguns casos específicos, em que a aplicação das medidas não será possível de imediato. “Provisoriamente, vai ter que ficar na rua até que a laje esteja no nível do solo para o caminhão poder entrar. Em determinado momento da obra, está sendo feita a escavação, por exemplo. Se não tem nada ali, o caminhão fica lá dentro do terreno. Outra situação, quando a obra está acabando, fazemos a calçada da obra, então temos que despejar concreto na calçada. Não tem jeito do caminhão ficar dentro da obra, nem em cima da calçada, nesse caso”, exemplifica os pontos.

Por esses e outros motivos pontuais, estabeleceu-se que as medidas serão adotadas de forma gradativa, conforme for possível fazer as adequações necessárias, e isso dependerá de cada obra em específico. “No curto prazo, muitas já estão se adaptando, algumas não conseguirão, pouquíssimas não conseguirão, por questões técnicas. Agora, muitas já estão se adequando e as obras futuras já vão vir preparadas para isso. Isso é o que o decreto está trazendo”, destacou Felipe Melazzo.

Custos adicionais e planejamento

O presidente da Ademi confirma que o decreto trará alguns custos adicionais às obras, entretanto, não será algo exorbitante a ponto de inviabilizar os processos. “Aumenta um pouco, porque você tem que fazer esse reforço de laje. Não é uma questão significativa, assim, de absurdo, mas vai ter um trabalho a mais, um custo a mais, precisa reforçar a laje.Vão ter algumas situações que vai trazer um custo a mais para a construção sim”, afirma.

As novas medidas exigirão que as construtoras e incorporadoras tenham planejamentos de canteiro mais detalhados e trarão algumas alterações no que já é comumente feito. “Tem que ter um planejamento maior, e o planejamento gera investimentos, gera controle. Isso vai ter um custo. Mas, entendendo que é melhor para cidade, os associados da Ademi estão dispostos a suportar esse custo e aplicar essas melhorias”, reforçou.

Por fim, Felipe destaca que a mobilidade urbana é um ponto importante e não enxerga as mudanças como algo negativo, nem para a cidade e nem para o mercado imobiliário e construção civil. “Nós já estávamos conversando com a gestão passada, há dois anos atrás, propondo essas mudanças, e não conseguimos lograr êxito. Já era uma coisa que a Ademi estava incomodada com a situação, já estávamos buscando soluções para isso, mas precisávamos das autorizações necessárias dos órgãos de planejamento urbano, do meio ambiente”, salientou.