O mercado imobiliário de Goiânia inicia o segundo semestre de 2025 com um panorama otimista, impulsionado por lançamentos voltados à habitação popular e ao alto padrão. Segundo dados da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), as vendas de unidades residenciais verticais cresceram 29% no primeiro trimestre, e a expectativa é de que esse ritmo se mantenha.

Um dos principais vetores dessa expansão é o programa federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que ganhou novo fôlego com a criação da faixa 4, destinada a famílias com renda de até R$ 12 mil e com imóveis de até R$ 500 mil financiados a juros de 10% ao ano. A medida tem incentivado empresas a apostarem nesse segmento, que, apesar de representar menos de 10% das vendas em Goiás, tem alta demanda e grande potencial de crescimento.

“O primeiro semestre foi o melhor da história da CMO, com um VGV de R$ 350 milhões, 155% a mais que no mesmo período do ano passado”, afirma Marcelo Moreira, diretor comercial da CMO Construtora. A empresa prepara para outubro o lançamento de um novo projeto MCMV com dois quartos na região do Parque Cascavel. “A demanda é quase infinita. A faixa 4 viabilizou muitos empreendimentos”, diz.

Para André Ramos, gestor comercial da MRV, o cenário é semelhante: “Temos oito empreendimentos MCMV ativos na Grande Goiânia e lançaremos mais três no segundo semestre”. Um deles será em Aparecida de Goiânia, para a faixa 2, e dois em Goiânia, voltados para as faixas 1, 2, 3 e 4. Ele destaca que o maior adensamento urbano, aliado aos subsídios do programa, tem facilitado a compra do primeiro imóvel. “As pessoas estão saindo do aluguel com uma entrada pequena e financiamento facilitado.”

A Vila Brasil Engenharia também aposta no programa. Segundo o CEO Flávio Mendes Garcia, a empresa terá mais três lançamentos este ano, todos voltados para a faixa 2 do MCMV. “Mesmo com os juros altos, o programa garante crédito subsidiado e acesso à moradia para muitas famílias”, diz.

Além do MCMV, outro movimento que ganha força é o financiamento direto com as incorporadoras, tendência apontada por diferentes players do setor. Com os juros bancários elevados, muitos compradores buscam alternativas com as construtoras para garantir o imóvel sem comprometer o crédito em bancos.




Arte: AutImob

“Essa linha direta funciona como um fôlego até a taxa Selic cair. A previsão é que ela vá para 12,5% no próximo ano e 10,5% em 2027”, avalia Gabriel Santos, gerente comercial da Opus Incorporadora. Ele acredita que esse modelo deve dominar o segundo semestre, principalmente na entrega dos empreendimentos vendidos nos últimos anos.

No segmento de alto padrão, as perspectivas também são otimistas. O valor do metro quadrado em Goiânia subiu de R$ 9.287 para R$ 10.261, e o volume financeiro das vendas cresceu 47% no primeiro trimestre, frente a 15% no Brasil. “A expectativa é de valorização de 20% a 30% neste ano, impulsionada pelos imóveis de alto padrão”, afirma Henrique Cerqueira, executivo da Flamboyant Urbanismo.

Marcello Merzian, CEO da MZN Incorporadora, observa que a restrição do novo Plano Diretor, o aumento do custo da mão de obra e incertezas internacionais, como o tarifaço de Trump, têm impactado o setor, mas reforça a visão do imóvel como investimento seguro. “Mesmo com juros altos hoje, os imóveis serão entregues em três ou quatro anos, quando os juros estarão menores. A compra na planta continua sendo estratégica.”

Outro fator que ganha força no alto padrão é a permuta com imóveis, com percentual maior: até 60% do valor da unidade. “Antes o limite era 35% a 40%. Agora, com juros altos, há mais flexibilidade”, aponta Marcelo Rady, diretor comercial da Séren Incorporadora. Ele também vê o financiamento direto como alternativa para atender perfis específicos que não querem se vincular a instituições financeiras.

Para Felipe Melazzo, presidente da Ademi-GO, o semestre será desafiador devido à taxa de juros elevada, mas o cenário segue promissor. “O primeiro trimestre foi o melhor desde 2018, com mais de R$ 2 bilhões em vendas. A valorização de até 20% está sendo puxada pelos custos inflacionários, escassez de terrenos e o Plano Diretor.”

Melazzo destaca ainda o plano apresentado ao prefeito Sandro Mabel pelo Fórum Goiano de Habitação, que prevê a construção de 15 mil moradias em três anos nas faixas 1 e 2 do MCMV. As ações incluem doação de áreas, subsídios e desburocratização para reduzir o déficit habitacional. “Para as faixas 3 e 4, já temos mais de 10 mil unidades na esteira de aprovação, dez vezes mais que no ano passado.”

A combinação de incentivos governamentais, financiamento facilitado, migração interna e valorização dos imóveis coloca Goiânia entre os mercados mais aquecidos do Brasil e com tendência de continuar crescendo.

Fonte: O Popular