1) Incorporadoras lançam e vendem mais no 2º tri

As prévias operacionais de 15 incorporadoras que já divulgaram os resultados do segundo trimestre mostram que o setor imobiliário continua com desempenho forte, com lançamentos e vendas em alta, apesar de as vendas terem crescido em ritmo menor do que a chegada de novos projetos. No segmento que atende ao programa MCMV, os lançamentos atingiram R$ 9,1 bilhões em VGV no segundo trimestre, alta de 28% sobre o mesmo período de 2024. O resultado também foi positivo no semestre, com crescimento de 43%, para R$ 17,2 bilhões em VGV. Enquanto isso, as vendas líquidas subiram 10% e 14%, a R$ 7,96 bilhões no segundo trimestre e R$ 15 bilhões de janeiro a junho. Fanny Oreng, responsável pelas análises de real estate do Santander, afirma que as empresas do segmento entregaram resultados, em média, em linha com o esperado pelo mercado. “Mas esse ‘em linha’ já está bem puxado, com revisões de projeções para cima”, observa. “As expectativas já estão bastante elevadas”.

2) Jovens se tornam principal público do Minha Casa, Minha Vida

Os brasileiros entre 18 e 30 anos se tornaram o principal público do Minha Casa, Minha Vida, mostram dados do Ministério das Cidades obtidos em primeira mão pela CNN. Historicamente, a faixa etária entre 40 e 60 anos aparecia à frente em financiamentos contratados. De 2020 a 2025, mais de 1,2 milhão de contratos do programa habitacional foram firmados com essa faixa etária — o que representa 51% do total de financiamentos contratados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

3) Mudanças na poupança podem injetar R$ 40 bilhões no crédito imobiliário

Um pacote de medidas para destravar o crédito habitacional está sendo preparado pelo governo federal e pode representar um alívio significativo para o setor imobiliário. De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, as mudanças incluem o uso mais flexível dos recursos da poupança e ajustes na linha de financiamento atrelada ao IPCA. Estimativas indicam que a liberação parcial dos depósitos compulsórios pode liberar até R$ 40 bilhões para o financiamento de imóveis. Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 20% dos recursos da caderneta de poupança para o depósito compulsório no Banco Central. A proposta em estudo permitiria que parte desses recursos fosse redirecionada para o crédito imobiliário. A cada real em novo financiamento habitacional, R$ 1 do compulsório poderia ser liberado, em uma operação casada. A medida teria caráter temporário, mas com potencial para destravar crédito de forma relevante, ao mesmo tempo em que melhora as condições de acesso ao financiamento.

4) Aula de tênis, passeio de lancha: o novo marketing das incorporadoras

Vender um imóvel não é mais o que era antigamente: um belo estande decorado e um corretor bajulando os visitantes já não bastam para fechar negócio. Com a concorrência acirrada, as incorporadoras têm diversificado suas estratégias e aumentado os cheques dos times de marketing. Um dos caminhos e construir os amenities antes da inauguração do condomínio, para que os visitantes possam viver a experiência antes de fechar o negócio, como ter aulas em quadras de tênis. Também há estandes com restaurantes temporários e convites para passeios em mares e céus. É a vez da experiência de consumo no mundo do real estate - o que demanda um aumento dos investimentos, com as companhias ampliando o percentual do VGV dedicado ao marketing. Tradicionalmente, uma incorporadora aloca de 2% a 3% do VGV estimado para a construção do estande de vendas, preparação de um apartamento decorado, maquetes e conteúdo impresso. Segundo players do mercado, esse aporte já ultrapassa os 5%.

5) Mercado Imobiliário de São Paulo inicia 2025 em forte expansão

O mercado imobiliário da cidade de São Paulo começou 2025 com sinais consistentes de aquecimento. Entre janeiro e abril, o setor registrou um aumento expressivo tanto em lançamentos quanto nas vendas, refletindo um cenário de diversificação da oferta e demanda em todas as faixas de padrão de imóveis. Com dados da GeoBrain, o estudo da ABRAINC, mostra que o Valor Geral de Vendas (VGV) de imóveis residenciais novos apresentou alta de 47% no comparativo com o mesmo período de 2024. Já o VGV de lançamentos cresceu 17%, enquanto o número de unidades lançadas teve aumento de 28%.

6) Inadimplência recorde afeta diretamente o mercado imobiliário

Um dos setores mais impactados por esse cenário é o imobiliário, especialmente no mercado de locações. A inadimplência em alta vem desafiando as imobiliárias a repensarem processos, estratégias e, principalmente, a forma de proteger os interesses dos proprietários diante de um risco cada vez mais comum: o não pagamento do aluguel. A grande inadimplência de inquilinos mexeu até com o Poder Legislativo. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, em junho de 2025, o Projeto de Lei nº 3.999/2020, que institui o despejo extrajudicial por inadimplemento de aluguel. A proposta busca permitir que o locador, diante da dívida do inquilino, promova a retomada do imóvel diretamente por meio de cartório de notas, sem necessidade de ação judicial.

7) Com nova regra em vigor, estoque de LCIs e LCAs cresce mais de 24% em junho

As Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) somaram R$ 454 bilhões de estoque em junho, alta de 25% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o estoque era de R$ 362 bilhões, segundo dados da B3. “As altas taxas de juros continuam favorecendo o mercado de renda fixa e, consequentemente, o crescimento dos estoques na B3. Além disso, a redução dos prazos mínimos de vencimento para LCI e LCA, anunciada em maio, ajudou na retomada de crescimento desses produtos no primeiro semestre”, comenta Humberto Costa, diretor de produtos de Balcão na B3. Vale lembrar que o CMN cortou de 9 para 6 meses o prazo mínimo de vencimento das LCIs e LCAs emitidas sem correção por índice de preços.

8) Brasileiras lançam habitação para idosos inspirada nos países nórdicos

Duas empresárias brasileiras com vivência na Suécia decidiram voltar para o Brasil e abrir um negócio próprio de consultoria e administração de moradias para idosos. A inspiração veio justamente dos países nórdicos, que já estão mais avançados na adaptação dos empreendimentos para atender as necessidades da terceira idade. A nova empresa foi fundada pela gestora Daline Moura Hällbom, que atua há 17 anos no mercado imobiliário (ex Abyara, Tecnisa e The Coral), e pela arquiteta Beatriz Pons Korsar, com 13 anos de experiência em projetos suecos de asilos e apartamentos para idosos. Juntas, elas lançaram uma empresa batizada de Söderhem, voltada ao desenvolvimento de projetos junto com as incorporadoras e posterior gestão dos imóveis.

9) O bilionário da Zara não para de comprar imóveis; o próximo é um prédio na Brickell

Amancio Ortega - o bilionário espanhol que controla a Inditex, a empresa têxtil dona da Zara - está negociando a compra do Sabadell Financial Center na Brickell, em Miami, por cerca de US$ 275 milhões, segundo o The Real Deal. A transação deve ser concretizada através da Pontegadea - o family office de Ortega - enquanto na ponta vendedora estão a KKR e a Parkway, que pagaram US$ 248,5 milhões pelo edifício em 2018 e gastaram mais US$ 10 milhões para reformá-lo nos anos seguintes. Construída pela desenvolvedora MDM Group em 2000, a torre está localizada no número 1111 da Avenida Brickell - ao lado do JW Marriott Miami - e possui 30 andares de escritórios totalizando 50 mil metros quadrados de área. Com a compra, Ortega está adicionando mais um ativo a seu já volumoso portfólio de imóveis no Sul da Flórida.

10) De Balneário Camboriú a João Pessoa, essa fintech dá acesso a CRIs para pequenas incorporadoras

“O modelo tradicional de financiamento já não comporta o ritmo atual do setor”, afirma Eduan Guérios, sócio da Makasí. A ideia da empresa é trazer o financiamento para o pequeno e médio incorporador que não tem acesso ao crédito via CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários). Atualmente, há uma parceria firmada com a RBR Asset Management, gestora que atua com CRIs com mais de R$ 10,8 bilhões de ativos em gestão. Hoje, a Makasí opera cerca de R$ 700 milhões em crédito disponível e já alocou mais de R$ 400 milhões. A aprovação do crédito pela Makasí se dá algumas etapas. A primeira delas é avaliar o custo da obra. “Se calculamos que uma obra vai custar R$ 1 milhão, vamos emprestar pelo menos esse valor. Nunca emprestaremos menos, porque daí o risco da obra ficar inacabada", explica.


Caso queira receber a IncorporaNews direto no seu e-mail, cadastre-se em: https://oincorporador.com.br/incorporanews. 



Caio Lobo, o incorporador

Caio Lobo é Diretor de Incorporações e Sócio da Mitro Construtora e Incorporadora, empresa sediada em Goiânia (GO) e especializada no segmento popular de habitação e no médio padrão. É formado em Engenharia Civil pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e é Pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Produz conteúdo sobre incorporações imobiliárias e mercado imobiliário para o canal @oincorporador, que conta com mais de 100mil seguidores nichados, é editor da newsletter IncorporaNews, professor no Curso Incorporações Imobiliárias Financiadas e é um entusiasta do mercado imobiliário.