O mercado imobiliário brasileiro mantém um ritmo acelerado em 2025 e enfrenta agora um cenário de oferta cada vez mais enxuta. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicam que, no atual ritmo de vendas e lançamentos, o estoque de imóveis residenciais novos deve se esgotar em apenas 8,2 meses.

Em junho, a pesquisa contabilizou cerca de 290 mil unidades disponíveis para comercialização, volume 4,1% menor em relação ao mesmo período de 2024. A redução contrasta com a força da demanda: no acumulado de 12 meses, foram vendidas 423 mil unidades, crescimento próximo de 17% e recorde histórico desde o início da série.

Recordes e expansão dos lançamentos

No primeiro semestre de 2025, as vendas de imóveis somaram 206,9 mil unidades, alta de 9,6% frente ao ano anterior. Os lançamentos também avançaram, registrando 186,5 mil unidades entre janeiro e junho, crescimento de 6,8% e o maior número para o período desde 2006, quando a pesquisa da CBIC começou a ser realizada.

Apesar do desempenho robusto, o segundo trimestre revelou sinais de ajuste. Foram comercializados 102,8 mil imóveis, movimentando cerca de R$ 68 bilhões. As vendas avançaram 11,9% em relação ao mesmo trimestre de 2024, mas os lançamentos recuaram 10% em comparação ao início do ano e 15,5% na base anual.

O papel do Minha Casa, Minha Vida

Grande parte do resultado é sustentada pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Com a ampliação em abril dos parâmetros de enquadramento, que agora incluem famílias com renda de até R$ 12 mil, o programa ganhou mais abrangência e impacto direto nas vendas.

No primeiro semestre, o MCMV registrou 95,4 mil unidades vendidas, crescimento de 25,8% frente a 2024. Apenas no segundo trimestre, as vendas somaram alta de 11,9%, confirmando a relevância do programa na sustentação do setor.

Segundo o levantamento da CBIC, o estoque destinado ao programa tem uma dinâmica ainda mais enxuta: se mantido o ritmo atual de vendas e sem novos lançamentos, seriam necessários apenas 6,2 meses para o escoamento completo da oferta.

Perspectivas

O conjunto de resultados reforça a resiliência do mercado imobiliário diante de desafios como os juros elevados. Ao mesmo tempo em que a demanda permanece firme, o estoque cada vez mais reduzido indica que a pressão por novos lançamentos deve se intensificar no segundo semestre.

Com o Minha Casa, Minha Vida em expansão e a expectativa de queda da taxa básica de juros a partir do fim de 2025, especialistas avaliam que o setor seguirá aquecido, consolidando-se como um dos pilares do crescimento econômico brasileiro.