Os custos da construção civil voltaram a preocupar o mercado imobiliário. Dados do novo Índice de Preços de Materiais de Construção (IPMC), elaborado pelo Sienge em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e com metodologia da consultoria Cica Rev, mostram que insumos fundamentais, como o fio de cobre e o aço, ficaram mais caros no acumulado de 12 meses até abril deste ano.

O fio de cobre lidera a alta, com inflação de 8,64% no período, influenciado principalmente pela valorização do dólar. Segundo o levantamento, a pressão sobre esse material se concentrou entre maio e novembro de 2024, com o pico de aumento registrado em novembro, quando a variação foi de 3,26%. Desde então, o comportamento tem sido mais instável, com retração de 1,55% apenas no mês de abril de 2025. Já o aço apresentou aumento acumulado de 2,52%, com trajetória de alta firme até setembro de 2024, seguida por correções negativas nos meses seguintes.

Outro insumo de peso, o cimento, teve uma valorização mais discreta, de 1,79% no acumulado. Os aumentos mais relevantes ocorreram em julho de 2024 e abril de 2025, o que revela um padrão de reajustes sazonais no setor. Em contrapartida, alguns materiais atrelados à demanda interna registraram queda. A argamassa teve o maior recuo, com -4,61% no acumulado, especialmente nas regiões Centro-Oeste (-7,51%) e Norte (+3,17%). Já as tintas mostraram queda de 2,32%, com retração significativa de 4,21% apenas em abril deste ano.

O estudo levou em conta os cinco principais materiais usados na construção, aço, cobre, cimento, argamassa e tinta, que juntos, representam cerca de 55% do custo total de materiais em uma obra típica no país. A análise também se baseia em técnicas de inteligência artificial para acompanhar os preços reais de mercado e tem margem de confiança de 95%.

Para o setor imobiliário, os dados acendem um sinal de alerta. O aumento de insumos dolarizados, como aço e cobre, tende a pressionar o custo das obras e pode exigir ajustes em orçamentos, prazos e até repasses nos preços finais dos imóveis. Enquanto isso, a queda em materiais como argamassa e tinta mostra uma retração em segmentos ligados mais diretamente à construção acabada, refletindo o desaquecimento parcial do mercado.

A depender do comportamento cambial e da política monetária nacional, a tendência é que os insumos mais sensíveis ao dólar continuem apresentando volatilidade. Para construtoras, incorporadoras e investidores, acompanhar o IPMC se torna cada vez mais estratégico para garantir previsibilidade financeira em projetos de médio e longo prazo.