Um estudo da consultoria Mordor Intelligence projeta que o mercado imobiliário brasileiro terá um crescimento médio de 5,4% ao ano até 2029. O setor, que movimentou US$ 59,6 bilhões em 2024, deve alcançar US$ 77,5 bilhões em volume de transações nos próximos cinco anos. O levantamento, que analisou o desempenho entre 2019 e 2023, aponta a retomada do segmento após o impacto da pandemia de Covid-19, com destaque para a força do mercado residencial. E em meio a esse cenário de otimismo, Goiânia surge como uma das capitais com desempenho mais expressivo, consolidando-se como líder regional no Centro-Oeste.

Dados da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) e da Brain Inteligência Estratégica mostram que o mercado goianiense vive um ciclo de crescimento acelerado. Em 2024, o preço médio do metro quadrado na capital subiu 17%, chegando a R$ 9.287/m². Nos bairros mais valorizados, como Marista, Jardim Goiás, Bueno e Setor Oeste, o valor já ultrapassa R$ 11.400/m². No acumulado do ano, a valorização interanual foi de 17%, impulsionada por uma combinação de fatores: crescimento econômico estadual, aumento populacional e grande demanda habitacional.

O número de apartamentos vendidos em Goiânia em 2024 foi o maior da série histórica desde 2010: foram 11.797 unidades, totalizando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 7,7 bilhões, um crescimento de 35% em relação ao ano anterior. A capital também se destaca por liderar a demanda por imóveis de médio padrão, faixa que engloba famílias com renda mensal entre R$ 12 mil e R$ 24 mil. Além disso, ocupa a segunda posição na procura por imóveis de alto padrão e a terceira no segmento econômico, demonstrando força em todos os nichos de mercado.

O volume de lançamentos também acompanhou essa tendência de alta. Foram 8.392 unidades lançadas em Goiânia em 2024, com um VGV de R$ 6,4 bilhões, um crescimento de 41% em relação a 2023. O estoque disponível caiu 14,5%, o que indica que o ritmo das vendas está acima do lançamento de novos empreendimentos. A região tem registrado aumento na procura por imóveis em bairros como Jardim América, Vila Maria José e áreas próximas ao shopping Flamboyant, com lançamentos voltados tanto para o público do Minha Casa Minha Vida quanto para o mercado de luxo.

O segmento de habitação popular, aliás, tem papel fundamental nesse ciclo. O programa Minha Casa Minha Vida mais que dobrou as vendas em Goiânia em 2024, com 3.020 unidades comercializadas e um salto de 91% no número de lançamentos, que passou de 1.936 para 3.704 unidades. A retomada de linhas de crédito e o aumento do teto subsidiado pelo governo federal foram decisivos para esse desempenho.

Segundo Guilherme Romero, CEO da Quality Inteligência Imobiliária, o crescimento de 5,4% ao ano projetado para o mercado nacional representa um cenário de oportunidades para empresas e investidores. “Estamos falando de uma demanda 30% maior em cinco anos. E com os custos de obras já estabilizados, essa é uma notícia fantástica”, destaca. No caso de Goiânia, ele aponta que a valorização acima da média nacional e o bom momento da economia regional tornam o mercado ainda mais atrativo.

Apesar da expectativa positiva, especialistas alertam para a influência da reforma tributária no setor. Estima-se que os novos modelos de tributação possam impactar o valor final dos imóveis entre 3% e 5% nos próximos anos, o que pode acelerar a decisão de compra por parte de consumidores que buscam se antecipar a esses efeitos.

O cenário projetado até 2029 é de expansão consistente, sustentada por fatores como digitalização do processo de compra e venda, maior oferta de crédito, demanda crescente por habitação e um consumidor mais exigente. Goiânia, com sua valorização acelerada, variedade de produtos e dinamismo econômico, se destaca como uma das capitais mais promissoras do mercado imobiliário nacional.