Um dos primeiros bairros planejados de Goiânia, o Setor Oeste foi projetado para ligar o centro da cidade ao Setor Campinas, com ocupação iniciada em 1950. A sua expansão se deu entre as décadas de 1970 e 1980, crescendo ao redor dos parques que conhecemos hoje como Bosque dos Buritis e Lago das Rosas. Desde o início, foi ocupado por pessoas de classe média, com construções residenciais de alto padrão, em suas ruas largas e arborizadas, perfil que resistiu ao tempo e é mantido até os dias atuais.

Conhecido como um marco do crescimento da cidade, o Setor Oeste já estava previsto nos primeiros projetos da capital, feitos por Attilio Corrêa Lima, engenheiro-arquiteto, urbanista e paisagista brasileiro que desenvolveu o plano urbanístico de Goiânia. O bairro foi criado para ter grandes áreas verdes. Era para ser um bairro margeado por dois grandes parques: o Buritis, na parte leste, e o Capim Puba, região oeste do setor.

O Parque Capim Puba não foi implantado, em seu lugar, em uma área muito menor que a prevista, foi construído o Parque Zoológico, na área ao lado do Lago das Rosas. O terreno ocupado pelo Zoológico foi doado pelo fazendeiro Urias Magalhães, em 1933, ainda no início da construção da capital. O Zoo da capital foi inaugurado em 1946, sendo considerado um dos mais antigos do Brasil.

Já o Lago das Rosas, de acordo com os registros do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU), nasceu por sugestão dos gestores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1937. A ideia era aproveitar a extensa área verde que havia ali para a criação de um horto florestal.


Trampolim e mureta do Lago das Rosas, Zoológico e Bosque dos Buritis. Fotos: Jackson Rodrigues 

Outro ponto turístico importante do Setor Oeste é o Bosque dos Buritis, o mais antigo patrimônio paisagístico de Goiânia. O parque possui 141.500 metros quadrados, cercado por árvores, lagos e plantas rasteiras, contando com três lagoas artificiais abastecidas pelo córrego Buriti.

Além dos parques, o setor abriga ainda um dos colégios mais tradicionais da cidade. A Igreja e o Colégio Ateneu Dom Bosco foram as primeiras edificações no bairro. O colégio foi inaugurado em julho de 1942. À época, a escola oferecia os cursos 1º Ginasial, 1º Científico e o 1º Técnico em Contabilidade, além do curso de admissão.

Dois anos após sua inauguração, a instituição ainda funcionava como internato masculino com 44 alunos, modalidade que perdurou até 1972. A partir de 1973, o Colégio Salesiano Ateneu Dom Bosco passou a matricular meninos e meninas.

O antigo Colégio Dom Bosco ainda é uma grande referência e faz parte da história de Goiânia, tendo tido como ex-alunos grandes personalidades da cidade, como o jornalista Jaime Câmara. Ao lado do Colégio, que hoje é chamado Salesiano Dom Bosco, está a Paróquia São João Bosco, que, ainda com estilo Art Dèco, faz parte do acervo arquitetônico dos primeiros prédios de Goiânia.


Colégio e Igreja Dom Bosco. Foto: Goiânia do Passado


Área nobre para cultura, turismo e negócios

O setor que começou como uma referência em localização de grande concentração de bancos e hotéis, é conhecido como um dos bairros preferidos entre os turistas para se acomodarem na capital. No entanto, para além do ponto estratégico para negócios, também se tornou uma ótima opção de lazer, com opções de praças e feiras.

No Setor Oeste acontecem algumas das feiras mais tradicionais e importantes da capital. Na Rua 9 com a 13, onde fica a Praça do Sol, acontece a Feira do Sol, onde está localizado o famoso letreiro “Eu Amo Goiânia”. Outra tradicional feira é a Feira da Lua, a segunda maior da cidade, atrás apenas da Feira Hippie, localizada na Praça Tamandaré, um dos pontos turísticos e atrativos da cidade.

Ponto de encontro da boemia goiana

O bairro tradicional de Goiânia viu a juventude cultural da capital se desenvolver, como local de reunião de intelectuais da época, boêmios, figuras políticas e artísticas. O Lago das Rosas também era ponto de encontro de jovens e famílias, para fazer piqueniques, brincar e nadar. As pessoas se reuniam para tomar banho no lago e saltar do trampolim. O trampolim que hoje observa os pedalinhos a circular no lago, foi aberto para uso recreativo até o final dos anos 1960, quando o banho no Lago das Rosas foi proibido, devido aos muitos casos de afogamento.

Segundo o CAU, no balneário havia, além do trampolim e das muretas, outros dois prédios para uso dos visitantes, o Castelinho, ocupado pelos estudantes em suas ações, e outro, que misturava bar e boate e era frequentado por boêmios. A mureta, que tem em seus pilares a figura de uma flor, em referência às roseiras que circundavam o lago, junto ao trampolim, foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os dois monumentos foram construídos no estilo Art Déco, símbolo de modernidade na época e que orientou a construção de vários outros prédios na cidade.

Ao redor dos parques, desenvolvidos no conceito de arborização projetado para Goiânia desde o início, o setor Oeste foi crescendo sem perder sua identidade de bairro nobre. O Lago das Rosas foi testemunha de transformações, símbolo da história de uma cidade que se desenvolveu. Do trampolim de onde saltaram figuras ilustres importantes para o desenvolvimento da capital, hoje repousa a memória do concreto que observa a cidade se expandir e se modernizar.

Já nos tempos áureos, arquitetos e urbanistas já viam potencial nas ruas amplas e arborizadas, nos parques e nas opções de lazer que nasceriam dali, fatores que, até os dias atuais, ainda são atrativos para o setor imobiliário. Das muretas que figuram como patrimônio histórico, é possível observar torres luxuosas com vista privilegiada para os parques. Os anos passaram, mas o Setor Oeste ainda é visto como símbolo de viver bem, com valorização e requinte.