Goiânia enfrenta um desafio crescente: mais de 400 imóveis, entre residenciais, comerciais e prédios de pequeno e médio porte, permanecem abandonados, sem cumprir sua função social. Enquanto isso, cerca de 23 mil famílias aguardam por moradia, evidenciando o contraste entre a oferta de habitações e os vazios urbanos na cidade.

O abandono de edificações gera impactos diretos na segurança, na estética urbana e na qualidade de vida da população. Entre os motivos mais comuns estão dificuldades econômicas, problemas judiciais relacionados a heranças e especulação imobiliária. Muitos proprietários deixam os imóveis parados na expectativa de valorização futura.

A legislação municipal e federal estabelece mecanismos para incentivar o uso adequado dos imóveis e terrenos vazios. Entre as medidas previstas estão: o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC), que obriga os proprietários a regularizar a função do imóvel; a aplicação do IPTU progressivo para imóveis sem uso social; e, em casos extremos, a desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública.

Além disso, prédios abandonados podem ser destinados a programas de habitação social, como moradias populares, ou para serviços públicos e concessões a entidades civis com fins filantrópicos, assistenciais, educativos ou esportivos. A intenção é garantir que essas áreas cumpram papel funcional e contribuam para a vida urbana.

Dois exemplos ajudam a ilustrar o cenário. O chamado “Redondo da Araguaia”, na Avenida Araguaia, é uma construção inacabada de formato curioso, projetada há mais de duas décadas para abrigar a sede de um laboratório. Abandonada desde os anos 1990, a obra se tornou um símbolo da estagnação e do potencial desperdiçado no Centro da capital.





Por outro lado, há casos em que imóveis desocupados encontram um novo destino. O Edifício Senador João Vila Boas, na Avenida Goiás, será transformado em moradia popular dentro do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades. O projeto prevê 52 unidades habitacionais e a preservação das características Art Dèco do prédio, que estava sem uso há mais de uma década.





Investigações também são realizadas em casos específicos. Alguns imóveis passam por vistorias para avaliar higiene, segurança e estabilidade estrutural, evitando que se tornem foco de risco ou degradação. Em Goiânia, algumas edificações já estão sob análise da polícia e órgãos de fiscalização, parte de operações voltadas à manutenção da cidade e prevenção de acidentes.

Especialistas destacam que, embora existam leis para tratar do abandono, a aplicação de medidas ainda enfrenta desafios. A demora em definir prazos e regulamentações efetivas limita a efetividade das ações, mantendo muitos imóveis desocupados mesmo diante de demandas urgentes por moradia.

O cenário reforça a importância de políticas públicas integradas, que combinem fiscalização, incentivos para ocupação e uso social, e planejamento urbano estratégico. Ao reverter a situação dos imóveis abandonados, a cidade pode avançar na revitalização de áreas centrais, oferecer soluções habitacionais para famílias em espera e tornar Goiânia mais segura e funcional para todos.