Fachada do Teatro Inacabado. Foto: reprodução/ Instagram Tristes Casas

O prédio de paredes descascadas e arquitetura autêntica que fica na Avenida Anhanguera, em frente ao Lago das Rosas, chama a atenção de quem passa. Silencioso, porém imponente, estampa na fachada os dizeres: Teatro Inacabado. O nome retrata sua história, que marcou um período de grandes sonhos relacionados à cultura, e poucos recursos para desenvolvê-los, foi inaugurado antes mesmo de ser finalizado.

O Teatro foi idealizado por Octávio Zaldivar Arantes, conhecido como Otavinho Arantes. O local nasceu da paixão e do sonho de jovens idealistas de criar um local que pudesse dar vazão à arte e à cultura, com apresentações populares e acessíveis, e foi projetado pelos arquitetos Walter Guerra e Lindolfo Nunes da Rocha.

O local foi fundado em 1959 e foi o berço da Agremiação Goiana de Teatro (AGT), grupo que contribuiu profundamente no desenvolvimento do teatro em Goiás, liderado por nomes como Cici Pinheiro e Hugo Zorzetti.

A inauguração aconteceu em 1963. Desde então, suas portas foram abertas para companhia de outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, e recebeu nomes de peso, como Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Fernando Torres, que em 1966 apresentaram o espetáculo "O Homem do Princípio ao Fim", de Millôr Fernandes, no local.

Ao longo dos anos, o teatro enfrentou desafios e superou obstáculos, no entanto, o declínio veio após a morte de Otavinho Arantes, que faleceu em 1991. O idealizador do Teatro Inacabado morreu atropelado enquanto atravessava o Eixo Monumental, em Brasília, durante uma viagem motivada pela busca de recursos junto ao Ministério da Cultura.

Durante os anos seguintes, o local foi perdendo sua força e, sem recursos e sem o apoio da iniciativa pública, o Teatro Inacabado ficou abandonado e acabou sendo ocupado por pessoas em situação de rua. Somente em 1994 é que o prédio foi tombado pela Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia.

O pontapé para a retomada do Teatro veio em 1998, com a criação da Fundação Otavinho Arantes. Com projetos sociais e culturais, a fundação propiciou meios para a revitalização e desenvolvimento de projetos sociais e chegou a sediar, em 2002, a mostra Goiânia In Cena.

Em 2016, após ter passado por abandono, falta de recursos e até incêndios, o Teatro Inacabado teve a primeira reforma desde sua fundação, conduzida pelo Governo de Goiás, por meio da então Agência Goiânia de Cultura (Agepel), e foi reinaugurado. No entanto, com o tempo, novamente, a manutenção e os cuidados foram sendo cada vez mais difíceis.

Atualmente, o local está sob gestão da Fundação Educacional de Goiás (FEG-FacLions), no entanto, o espaço segue fechado, guardando os sinais do tempo e das intempéries. O que foi construído e mantido com empenho pelo idealizador Otavinho, acabou morrendo aos poucos, e, hoje, o que deu espaço à vida e manifestações de arte e alegria, estampa paredes pichadas e ar de tristeza, provocando curiosidade em que lê nas letras em sua fachada que ele está fadado a ser, Inacabado.

Com informações do Jornal A Redação*