O mercado imobiliário residencial brasileiro apresentou estabilidade no primeiro trimestre de 2025, mantendo indicadores semelhantes aos do trimestre anterior. No entanto, um levantamento da Abrainc em parceria com a Deloitte, divulgado com exclusividade pela Exame, indica um cenário de desaceleração impulsionado pela alta taxa de juros no segmento de médio e alto padrão (MAP).

Comportamento dos indicadores

A pontuação média geral em procura e venda de imóveis ficou em 1,95 e 1,96, respectivamente, numa escala que vai até 3 pontos:

O segmento popular (MCMV) atingiu nota de 2,18, enquanto o MAP recuou para 1,69, queda de 0,09 pontos em relação ao trimestre anterior.

A retração no MAP é atribuída ao encarecimento do crédito imobiliário causado pelas altas consecutivas na taxa Selic, hoje em cerca de 14,75% ao ano. Claudia Baggio, da Deloitte, aponta que “os compradores estão mais receosos quanto aos investimentos diante da taxa de juros mais alta, e consequentemente do financiamento mais caro”.

Cenário e resiliência

Apesar do impacto, a demanda se mantém resiliente, beneficiada pela alta dos aluguéis e pelo déficit habitacional persistente. No segmento MCMV, os lançamentos seguem em alta: 98% das incorporadoras planejam novos projetos, e 93% pretendem adquirir terrenos nos próximos 12 meses. Já no MAP, 89% das empresas pretendem lançar empreendimentos, e 63% planejam compra de terrenos, um crescimento em relação ao trimestre anterior.

Impacto do crédito caro

A Selic elevada também torna investimentos de renda fixa mais atrativos, o que reduz a disponibilidade de recursos para crédito imobiliário via poupança, principal fonte do SFH, limitando o acesso ao financiamento no MAP.

Perspectivas futuras

Para o MCMV, a expectativa segue positiva, especialmente com a implementação da Faixa 4, que amplia. Já o MAP deve enfrentar um 2º trimestre mais desafiador caso a Selic permaneça em níveis elevados, exigindo cautela de incorporadoras e compradores.