Com objetivo maior de aquecer o crédito imobiliário no país, o governo federal discute, junto ao Banco Central, a criação de um novo modelo de financiamento habitacional para imóveis de até R$1,5 milhão. O projeto envolve duas propostas que englobam a liberação de depósitos compulsórios da poupança e o ajuste da lógica dos contratos corrigidos pela inflação.

De acordo com informações do jornal O Globo, a primeira proposta trata da flexibilização dos compulsórios. Atualmente, 65% dos depósitos em poupança são obrigatoriamente direcionados para crédito imobiliário. Outros 20% ficam retidos no Banco Central e os outros 15% são de uso livre pelos bancos.

Conforme os estudos do governo, esse mecanismo ampliaria a liquidez no setor com menor impacto sobre a política monetária. A estimativa interna é que a medida injete até R$80 bilhões no mercado, mantendo a proposta como uma alternativa à simples redução do compulsório, defendida por parte do setor bancário.

A segunda proposta busca ampliar a adesão aos contratos corrigidos pelo IPCA. Hoje em dia, esses modelos respondem por apenas 2% das novas contratações, devido à volatilidade da inflação, que torna as prestações imprevisíveis ao longo do tempo.

Nesse sentido, o Banco Central estuda um novo modelo de amortização, que antecipe parte da quitação no início do contrato e postergue variações inflacionárias maiores para o fim do financiamento. O objetivo é criar uma trajetória de pagamento mais previsível e segura.

O novo modelo, além de proporcionar mais previsibilidade aos mutuários, permitiria aos bancos ampliar a captação com base em instrumentos do mercado de capitais, viabilizando uma transição gradual para fontes de financiamento além da poupança.

As medidas se fazem necessárias diante do esgotamento do modelo atual, baseado na poupança. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o financiamento do setor imobiliário pelo atual modelo caiu de 46% em 2021, para 32% em 2024.


Com informações do jornal O Globo*