A necessidade de novas fontes de financiamento para o setor imobiliário tem levado incorporadoras, bancos e investidores a olharem cada vez mais para o mercado de capitais. Dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), apresentados no Abecip Summit 2025, realizado em São Paulo, mostram que o volume financeiro do segmento imobiliário cresceu 5% até junho, em um cenário de retração da poupança e aumento nos saques.

De acordo com a CVM, o mercado de capitais como um todo avançou 8,1% no primeiro semestre, passando de R$ 15,3 trilhões para R$ 16,6 trilhões. Dentro desse montante, o setor imobiliário acompanha o movimento de crescimento, mas ainda com desempenho abaixo da média geral.

FIIs e CRIs em destaque

Entre os instrumentos mais utilizados para financiar o mercado, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) tiveram expansão de 4,3% no período. O patrimônio líquido dos fundos passou de R$ 349 bilhões, em janeiro de 2024, para R$ 365 bilhões em junho de 2025.

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), por sua vez, tiveram desempenho acima da média do setor. O volume desses títulos subiu 7,6% entre dezembro de 2024 e junho deste ano, passando de R$ 223 bilhões para R$ 240 bilhões.

Mudanças no comportamento do investidor

Apesar dos avanços, especialistas apontam que alterações recentes nas regras das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) reduziram a atratividade desse produto. Antes com liquidez em três meses, os prazos foram ampliados para nove meses e depois ajustados para seis, afastando parte dos investidores.

Outro fator que pesa na escolha dos aplicadores é a taxa básica de juros. Com a Selic em 15%, produtos de renda fixa têm oferecido rentabilidade elevada com baixo risco, o que estimula a migração de recursos e gera maior concorrência por capital.

Alternativa estratégica

Para agentes do mercado, o avanço do setor imobiliário no mercado de capitais é visto como uma alternativa importante para equilibrar o funding, diante da queda consistente na captação via poupança. O movimento reforça o papel de instrumentos como FIIs e CRIs na sustentação de novos projetos e amplia o leque de oportunidades para investidores.