Quem passa pela Rua 26, esquina com a Rua 25, no Setor Central, em Goiânia, se depara com uma construção icônica, em estilo Art Déco, de fachada em rosa claro e muitas memórias guardadas. A casa de Pedro Ludovico Teixeira, interventor e ex-governador de Goiás, foi uma das primeiras construções localizadas no centro da cidade, de arquitetura imponente, foi lar do político e de sua família, habitada até sua morte, em agosto de 1979.

A beleza do imóvel sobreviveu ao tempo, e o que ainda hoje é contemplado como obra icônica, já na década de 1930 era vista como o auge da modernidade. A residência da família Ludovico Teixeira foi uma das primeiras de Goiânia a ter instalações elétricas embutidas, algo inovador para a época, em que era comum ter a fiação exposta.

Em 1982, a casa foi tombada como patrimônio histórico estadual pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e virou museu em 1998. De acordo com o órgão, a residência tinha ares e dimensões palacianas, se levarmos em consideração o padrão goiano da época. Em termos de dimensões, ocupava um lote acima do padrão que vigorava na cidade.

A residência do ex-governador era extremamente sofisticada para aqueles tempos. A parte social era composta de duas salas de estar e uma sala de jantar, atendendo prontamente às necessidades de um político do porte de Pedro Ludovico, que recebia inúmeras pessoas ilustres em sua casa. Contava ainda com escritório, quarto com closet e banheiro conjugado, e sala íntima voltada para uma sacada no segundo pavimento, o que era um luxo de privacidade.

Projeto moderno de engenharia e arquitetura

A construção foi edificada pelo grupo Coimbra Bueno, com projeto de Attílio Correia de Lima, engenheiros e arquiteto urbanista responsáveis pelos projetos urbanísticos da nova capital. A casa foi erguida entre 1934 e 1937, no mesmo estilo arquitetônico implementado na cidade.

A edificação traz a predominância da horizontalidade, com implantação de esquina valorizando o acesso, afastamento frontal e lateral de 5 metros, assimetria, ausência de ornamentação excessiva, predominância de cheios sobre vazios, articulação de volumes puros e salientes, volumetria prismática, áreas de luz e sombra nas fachadas e monumentalidade monolítica.

Conforme descrito pelo Iphan, a construção conta ainda com ocorrência das aberturas em forma de escotilhas, na sacada curva da fachada principal. Outro destaque é a janela apresentada em uma face curva da fachada lateral direita. O alpendre recebe as portas e janelas da sala de visitas e da sala de jantar. As portas voltadas para este alpendre são quadriculadas, com desenhos geométricos de duas folhas. O local ainda possui dois diferentes tipos de pilares: circular e retangular arredondado em uma das extremidades.

O Iphan detalha que o projeto tanto da edificação principal, quanto da edícula de serviço trouxe coberturas por entelhamento cerâmico oculto por platibanda, sendo que em alguns pontos é possível observar a tubulação de queda d´água. A sacada principal funciona ainda como uma grande marquise de marcação do acesso principal, sendo que sobre as principais aberturas foram também encontradas pequenas marquises isoladas, demonstrando a clara intenção de proteção solar.

Foram encontradas ainda na edificação duas sacadinhas embutidas voltadas para dois dos três quartos simples. O guarda-corpo é em alvenaria, sendo acrescido de uma borda saliente e uma faixa decorativa canelada. Observa-se um rasgo na face frontal da sacada, onde foram acrescentadas grades de ferro em desenhos geométricos, remetendo-nos às características de arquitetura naval.

Outro importante elemento arquitetônico encontrado foram as escadas de acesso à edificação, adjacentes à floreira de entrada revestida com pedra. Trata-se de dois importantes recursos de valorização da entrada principal.



Mobília da casa de Pedro Ludovico Teixeira. Foto: Secult

Acervo vivo de Goiânia

A construção é tão imponente e carrega tantas memórias políticas e históricas de Goiânia que, após 91 anos, continua intacta, aberta para visitação do público. A casa conserva as características originais e estilísticas da época, inclusive com a mobília da família.

O acervo é preservado com peças de porcelanas, móveis, vestuário, cristais, fotos e objetos de uso pessoal, além de livros e documentos de Pedro Ludovico e sua família, datados dos anos vinte até a década de setenta. Conta também com aparelhos eletrodomésticos de época, como geladeiras, aspirador de pó, equipamento de som, mesas e cadeiras.

A casa ainda possui a piscina conservada, agora desativada, que o ex-governador mandou construir para os filhos, mas que depois aposentou, depois de um acidente que levou a morte de uma garotinha, segundo boatos antigos.

Entre as peças mais chamativas do acervo do museu estão ainda a máscara mortuária de Pedro Ludovico feita pelo escultor grego-goiano Angelos Ktenas, que revela os traços do rosto do ex-governador em 3D. Além do último carro da família, uma antiga caminhonete vermelha que ainda está estacionada na garagem.

A casa de Pedro Ludovico Teixeira é aberta para visitação do público em horários especiais de funcionamento, de terça-feira a sábado, das 8h às 12h, e das 13h às 17h. Para visitar o museu é preciso fazer agendamento prévio por meio do telefone (62)3201-4678 ou pelo e-mail: museupedroludovico@goias.gov.br.