A nova linha de crédito imobiliário anunciada pelo governo federal. Foto: Abrainc

Na última sexta-feira (10), o governo federal anunciou o lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança, que promete beneficiar principalmente a classe média. O lançamento foi feito em São Paulo, durante o Incorpora 2025, evento voltado para o setor imobiliário, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, dos ministros da Fazenda e das Cidades, Fernando Haddad e Jader Filho, do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo e do presidente da Caixa, Carlos Vieira, além de outras autoridades e lideranças do setor.

Em suma, o novo modelo altera as regras para o uso da poupança, com novos direcionamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e amplia o teto dos imóveis financiados com juros subsidiados de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. De acordo com o governo federal, o objetivo é tornar o uso dos recursos da poupança mais eficientes e aumentar a oferta de crédito imobiliário no país, fortalecendo o setor, ajustando o limite de acordo com a valorização do mercado.

As novas regras ampliam o acesso ao crédito principalmente para as famílias de classe média no país, visto que tem como foco as pessoas com renda familiar entre R$ 12 mil e R$ 20 mil mensais, faixa que fica fora do programa Minha Casa, Minha Vida, que contempla rendas de até R$ 12 mil.

Ampliação dos recursos

A partir da mudança, os bancos terão condições de liberar mais recursos para financiamentos imobiliários. O modelo atual permite que 65% dos recursos do SBPE sejam direcionados para o crédito imobiliário, sendo 20% compulsórios e 15% de uso livre. Quando a mudança entrar em vigor, o Banco Central vai liberar cinco pontos do compulsório para os bancos que aderirem, com meta de destinar até 100% ao setor até 2027.

Assim sendo, de acordo com o BC, o novo modelo vai disponibilizar R$ 52,4 bilhões a mais para financiamento habitacional em relação ao modelo atual. Desse total, R$ 36,9 bilhões serão de forma imediata.

Vigência total a partir de 2027

O governo ressaltou que a transição será feita gradualmente, chegando a plena vigência do novo modelo apenas a partir de janeiro de 2027. Até lá, fica valendo o modelo atual, no entanto, durante a transição, o volume dos compulsórios, agora de 20%, será reduzido para 15% e os 5% restantes serão aplicados no novo regime.

No evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o novo modelo de crédito foi desenvolvido e pensado de forma conjunta entre o governo e o Banco Central, com apoio do Ministério do Planejamento. De acordo com ele, esse será um marco do “ciclo de reformas de crédito sem precedentes”.

Ainda segundo Haddad, a fase de transição e testes vai levar o país a um período com juros menores e melhores condições monetárias. "Estamos usando este ano para usar o dinheiro desse novo modelo em uma modelagem que vai garantir crédito barato com dinheiro novo e vai nos permitir testar os parâmetros estabelecidos”, ressaltou.

A nova linha de crédito foi bem vista pelo setor imobiliário, que avaliou positivamente as mudanças, principalmente no que diz respeito à segurança para que incorporadoras de médio padrão invistam em mais lançamentos. Apesar da falta de garantias em relação à redução dos custos, contribuirá de forma direta no aumento das ofertas de crédito para o mercado.