O mercado imobiliário brasileiro segue aquecido, mas enfrenta os efeitos da política monetária restritiva. A decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 15% ao ano, o maior nível desde 2006, trouxe preocupação a incorporadoras e entidades do setor. O custo mais alto do crédito imobiliário impacta diretamente famílias que recorrem ao financiamento para adquirir a casa própria e empresas que dependem de funding para novos projetos.

Apesar desse cenário, o consórcio de imóveis se destaca como uma alternativa em expansão. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC), no primeiro semestre de 2025 houve crescimento de 40,8% nas vendas de novas cotas, movimentando R$ 118,11 bilhões em créditos.

Planejamento em alta

A modalidade, que não cobra juros, permite que os participantes contribuam mensalmente para formar uma poupança coletiva e, ao longo do prazo, sejam contemplados por sorteio ou lance. A carta de crédito pode ser usada tanto na compra de imóveis prontos quanto em construção, o que garante maior flexibilidade.

Entre as vantagens destacadas pelas administradoras estão a previsibilidade, o parcelamento de longo prazo e a proteção contra a perda do poder de compra, já que os créditos são corrigidos anualmente por índices estabelecidos em contrato.

Selic pressiona, consórcio avança

Enquanto a alta dos juros encarece os financiamentos tradicionais, o consórcio aparece como uma forma de aquisição menos onerosa e mais planejada. Para especialistas do setor, o movimento reflete uma maior conscientização dos consumidores sobre gestão patrimonial e alternativas de acesso à moradia.

Do lado das incorporadoras, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) reforçou que o atual nível da Selic amplia os desafios do setor, restringindo o acesso ao crédito e inibindo investimentos. Ainda assim, os dados da própria associação indicam que os lançamentos cresceram 46,9% até abril de 2025, e as vendas residenciais tiveram alta de 5% no acumulado de 12 meses.

Consórcio como estratégia

Diante desse cenário, o consórcio imobiliário vem sendo considerado uma ferramenta estratégica para consumidores que desejam fugir dos altos custos do financiamento. A modalidade oferece acesso gradual e planejado ao patrimônio, em um momento em que o crédito tradicional se torna menos atrativo.

Para o setor, a tendência é que o consórcio mantenha trajetória de crescimento enquanto a taxa Selic permanecer em patamares elevados, consolidando-se como alternativa de aquisição imobiliária em tempos de juros altos.