O mercado imobiliário brasileiro pode estar diante de uma nova virada. A criação da Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) reposiciona a classe média como um dos principais vetores de crescimento do setor, em um momento marcado por juros elevados, crédito escasso e mudança no perfil de consumo habitacional.

Voltada para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, a nova faixa oferece condições inéditas: teto de imóvel de R$ 500 mil, juros a partir de 10% ao ano e prazo de financiamento de até 35 anos. A iniciativa preenche uma lacuna histórica do programa habitacional, que até então excluía justamente a faixa da população que não se enquadrava nas faixas de subsídio e tampouco conseguia acessar o crédito tradicional.

Na prática, a medida pode destravar um novo ciclo de crescimento, desde que incorporadoras, construtoras e profissionais do setor estejam preparados para responder de forma ágil e estratégica à demanda.

O desafio da conversão em tempos de incerteza

Com o crédito ainda caro e a margem de erro reduzida, proteger as vendas deixou de ser apenas uma questão de volume: é uma estratégia de sobrevivência. Três pilares se destacam nesse novo cenário:

1. Qualificação antes da venda: o poder do Represamento e do Projeto Resgate

Não basta atrair interessados, é preciso preparar o cliente para ser aprovado. Estratégias como o Represamento, que incentiva o cliente a movimentar sua renda no banco financiador e organiza antecipadamente a documentação, aumentam significativamente as chances de aprovação.

Outro destaque é o Projeto Resgate, que atua com clientes inicialmente reprovados ou com crédito condicionado. Por meio de acompanhamento contínuo e orientação financeira, transforma casos descartados em contratos assinados.

2. Fluxo de caixa fortalecido com antecipação de recebíveis

Em um ambiente de capital caro, manter a operação saudável depende de previsibilidade de caixa. Processos digitais de antecipação de recebíveis, como o NATO Digital, aliados a um bom relacionamento com cartórios e prefeituras, garantem mais fôlego para continuar produzindo, lançando e entregando.

3. Mix de produtos inteligente e alinhado ao novo perfil de consumo

O novo consumidor está mais cauteloso e seletivo. Ter um portfólio ajustado à realidade da Faixa 4, com produtos no preço certo, em localizações estratégicas e com padrão adequado, é essencial. A comunicação também precisa ser afinada, ressaltando diferenciais relevantes para esse público específico.

Uma oportunidade para quem souber se adaptar

A criação da Faixa 4 marca um reposicionamento claro do setor habitacional, ao oferecer uma ponte realista entre o desejo de moradia digna e o poder de compra da classe média.

Mais do que uma nova faixa de financiamento, trata-se de uma janela estratégica de oportunidade para as empresas que conseguirem alinhar gestão financeira, inteligência comercial e foco total na jornada do cliente.