O aumento da taxa Selic, que atualmente está em 14,75%, o maior patamar dos últimos 19 anos, impacta diretamente o acesso ao crédito imobiliário no Brasil. Em meio a esse cenário, o mercado imobiliário de Goiânia segue resiliente e tem buscado alternativas para manter o ritmo de vendas. Uma das soluções encontradas por algumas incorporadoras é o financiamento direto com o cliente, sem necessidade de intermediação bancária.

A FGR Incorporações, conhecida pela atuação no desenvolvimento de condomínios horizontais, é uma das empresas que apostam nesse modelo. A incorporadora oferece financiamento próprio com prazos que podem chegar a 40 anos para pagamento, o que, segundo a empresa, visa facilitar o acesso ao imóvel diante das restrições impostas pelos bancos.

O cenário atual é de maior rigor na concessão de crédito. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projetam uma queda de 15% a 20% nos financiamentos imobiliários em 2025, principalmente devido à menor disponibilidade de recursos da poupança e às condições macroeconômicas mais desafiadoras. Além disso, instituições financeiras como a Caixa Econômica Federal reduziram o percentual de financiamento de 80% para 70% do valor do imóvel — fora das regras do programa Minha Casa, Minha Vida, exigindo uma entrada maior dos compradores.

Para muitos clientes, o encarecimento dos financiamentos somado à burocracia torna a compra do imóvel mais difícil. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a cada ponto percentual de aumento na taxa de juros, aproximadamente 300 mil famílias deixam de ter acesso ao crédito imobiliário.

Dentro desse contexto, alternativas como o financiamento próprio se apresentam como opção. No caso da FGR, o processo é simplificado: o contrato é firmado diretamente com a incorporadora, e não há análise de crédito prévia, uma vez que o próprio imóvel serve como garantia. A empresa também destaca que, caso o cliente encontre uma condição mais vantajosa no mercado posteriormente, há possibilidade de migrar o financiamento para um banco.

Outro fator que sustenta esse modelo, segundo a incorporadora, é a valorização dos empreendimentos. Um exemplo citado é o condomínio Jardins Marselha, cujos imóveis tiveram valorização superior a 150% em cinco anos.

Especialistas do setor avaliam que, embora não substituam totalmente os financiamentos tradicionais, modelos como este representam uma alternativa relevante, especialmente em momentos de instabilidade econômica. Além disso, ajudam a manter o mercado aquecido em praças como Goiânia, que, de acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica em parceria com a Ademi-GO, ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores mercados imobiliários do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.