O trabalho remoto, que se consolidou em muitas empresas brasileiras desde a pandemia, continua impactando de forma direta o mercado imobiliário. Segundo pesquisa da Swile Brasil em parceria com a Leme Consultoria, 35% das empresas brasileiras adotam o home office integral, enquanto 32% operam em modelo híbrido. Essa nova forma de trabalhar alterou profundamente as prioridades de quem está em busca de um novo imóvel, seja para compra ou aluguel.

Mais do que uma tendência passageira, o home office se tornou um elemento central na escolha da moradia. Características como conforto, boa iluminação natural e espaços funcionais deixaram de ser diferenciais e passaram a figurar como exigências básicas. A permanência prolongada dentro de casa levou muitas famílias a repensarem a maneira como utilizam seus ambientes, criando a necessidade de lares mais adaptáveis às exigências do dia a dia profissional e pessoal.

Ambientes versáteis ganham destaque

Cômodos antes considerados secundários, como quartos extras, varandas, escritórios e salas bem ventiladas, ganharam nova importância. Eles passaram a ser vistos como espaços-chave para organizar um home office sem comprometer a dinâmica familiar. Além disso, o interesse por plantas flexíveis cresceu. Ambientes reversíveis e integrados, com portas de correr e divisórias retráteis, tornaram-se soluções valorizadas por quem busca reorganizar os espaços conforme a necessidade do momento, seja para uma reunião de trabalho ou para um momento de descanso em família.

Condomínios que oferecem salas de reunião, espaços de coworking e áreas multiúso também se tornaram mais atraentes. Esses diferenciais permitem ao morador manter a produtividade sem abrir mão do convívio social, conforto e lazer dentro do próprio residencial.

Localização já não é mais prioridade absoluta

Outro reflexo dessa mudança é a nova percepção sobre localização. A exigência de morar próximo ao local de trabalho perdeu força, dando espaço a outros critérios de escolha. Muitas pessoas passaram a optar por regiões mais afastadas ou cidades de médio porte, buscando imóveis maiores, mais tranquilos e com melhor custo-benefício.

Essa descentralização impulsionou o interesse por bairros residenciais com mais áreas verdes, infraestrutura básica e segurança. O resultado é um novo ciclo de valorização imobiliária fora dos grandes centros, impulsionando também o crescimento do comércio local e dos serviços nessas regiões.

Conectividade viabiliza novos estilos de vida

A melhora da infraestrutura tecnológica, em especial a expansão da internet banda larga, tem sido fundamental para viabilizar o trabalho remoto em áreas antes pouco exploradas pelo mercado. Hoje, é possível manter uma rotina profissional ativa longe dos polos tradicionais, o que amplia o leque de possibilidades para diferentes perfis de moradores, de famílias com filhos pequenos a profissionais autônomos e aposentados.

Modelo híbrido continua moldando preferências

Mesmo com o retorno parcial ao presencial em muitas empresas, o modelo híbrido mantém sua influência sobre o comportamento de compra e aluguel. A casa deixou de ser apenas um espaço de descanso e se tornou um local multifuncional, moradia, escritório, escola e área de lazer ao mesmo tempo. Isso exige que os imóveis ofereçam infraestrutura eficiente e soluções arquitetônicas versáteis.

Diante desse cenário, o mercado imobiliário segue atento às novas demandas. As incorporadoras e construtoras buscam atender um consumidor mais exigente, que valoriza não só o metro quadrado, mas a inteligência do projeto, o aproveitamento dos espaços e a capacidade de adaptação do imóvel.

A transformação já está em curso e os imóveis do futuro, ao que tudo indica, serão projetados para muito mais do que apenas morar.