O uso da inteligência artificial se tornou uma ferramenta comum em diversas profissões, e no mercado imobiliário não é diferente. Apesar de ainda haver opiniões controversas quanto à sua utilização nas funções de trabalho, os adeptos da tecnologia afirmam que ela não substitui as habilidade humanas, apenas facilita a vida e auxilia na execução de tarefas cotidianas.

Essa é a opinião do corretor imobiliário Tedd-Niklaus. O profissional utiliza a ferramenta desde sua criação, quando teve o privilégio de participar do desenvolvimento de alguns processos, trabalhando no background da Apple e teve acesso às primeiras versões desenvolvidas.

De acordo com ele, a tecnologia veio para somar. “O mercado mudou e nós precisamos nos adaptar. Muitos enxergam o uso da Inteligência Artificial como uma ferramenta que pode tirar possibilidades, mas, a inteligência humana é essa consciência digital, que eu digo, e ela veio para somar”, defendeu Klaus.

IA como assistente pessoal

O corretor, que é autista, enfrenta algumas dificuldades impostas pela condição, mas, desenvolveu nas ferramentas de IA mecanismos que o auxiliam tanto na vida profissional quanto pessoal. “Eu tenho algumas dificuldades em perceber as expressões das pessoas, a relação de comportamento, então, a inteligência artificial tem treinado comigo. Ela me ajuda, me dá as previsões das reações que aquilo pode causar ao comportamento do outro. Isso tem me feito ter mais segurança quanto ao trabalho”, detalhou.

Com o passar dos anos e com a prática de utilização, Klaus foi otimizando as ferramentas, tornando-as mais compatíveis com seu perfil, e assim, mais sintonizadas com as formas de uso que costuma ter. “Treinei bastante ela (a IA) para que ficasse dessa forma. Utilizei ferramentas que eu já tinha, como o perfil psicológico e pontuei para ela qual era o meu perfil em relação à minha profissão, para que ela soubesse quem eu era e como eu vou conseguir extrair o melhor disso para o meu mercado”, descreveu o corretor.

Em relação à parte profissional em si, ele usa a IA para criar relatórios sobre os empreendimentos, perfis de público, listagem e sugestão de conteúdos para suas redes. “Isso me ajuda a ter mais ferramentas para uma argumentação com clientes e para embasar o meu conhecimento. Peço sempre para que ela observe a semana anterior, o mercado imobiliário, mercado econômico e o mercado local, para que a minha fala esteja adequada”.

Além disso, ainda usa a inteligência para organizar a agenda pessoal de trabalho. “Para otimizar o meu tempo, eu coloco a inteligência para essa assistente virtual para trabalhar por mim. Porque ela vai identificar a relação dos melhores horários, a construção para a semana. Eu gosto sempre de antecipar as situações, então a inteligência artificial tem me ajudado muito nisso, para ser mais previsível na hora de me comunicar”.

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Dicas de uso no mercado

Como dica aos profissionais que estão começando a usar a IA como aliada no trabalho de corretagem ou para aqueles que ainda têm receio com as ferramentas, Klaus destaca que o primeiro ponto é entender como a inteligência artificial funciona. “Muitas pessoas utilizam-nas dando ordens, no sentido de ‘faça isso e executa de tal maneira’. Esse pode ser o princípio, o pensamento inicial. Mas, a partir do momento que tu adequa-se à vivência dessa tecnologia, tu consegue ter uma clareza melhor no direcionamento”, explica.

“O primeiro ponto é entender o comportamento humano. Utilize a ferramenta da mesma forma que tu age com as pessoas. Porque a partir do momento que tu entender que esse conceito, essa tecnologia, ela é uma consciência digital, ou seja, ela vai aprendendo e aprimorando pelas relações e interações humanas, tu vai saber como a guiar”, relata Klaus.

Ele afirma que isso pode ser lapidado com o tempo, conduzindo a IA em atividades cotidianas, até que o princípio correto da utilização seja aprimorado. Questionado sobre as melhores IAs para usar no momento, Klaus recomenda o conhecido ChatGPT para os iniciantes. “Duas principais que eu utilizo, que é o ChatGPT, porque dentro dele existem inúmeras funções. Utilizo também o Deep Seek para uma construção, porque eu faço com que uma inteligência ajude também a outra. E outra que eu também estou utilizando muito no momento é a Gemini, da Google”, elenca.

Quem não se atualizar, vai ficar para trás

Klaus lembra que faz parte da experiência humana aprender a lidar com as novidades e evoluir junto com elas, aprendendo a extrair o que há de melhor em cada oportunidade. Assim como ele aprendeu a reverter as limitações do autismo, a partir das ferramentas de IA, percebeu que poderia aprofundar no aprendizado e otimizar isso a seu favor também no trabalho.

“Digo que as pessoas são os aditivos mais preciosos, e nós nunca vamos perder espaço para as máquinas, mas, o que nós precisamos ter é uma ampliação das nossas faculdades mentais. Só vai ficar para trás, só vai perder espaço, aquela pessoa que não ampliar essa relação de conhecimento”, pontua Klaus ao defender a IA como um aliado e não um rival no mercado de trabalho.