Uma tendência internacional vem ganhando força no mercado imobiliário brasileiro: a assinatura de empreendimentos por marcas renomadas dos setores de design, moda, automobilismo e hotelaria. Presentes em projetos residenciais e comerciais de altíssimo padrão, essas colaborações prometem unir estética sofisticada, inovação e exclusividade, elementos que têm atraído tanto investidores quanto consumidores em busca de diferenciação.

Esse modelo, já consolidado em cidades como Miami, São Paulo e Balneário Camboriú, agora também se manifesta em Goiânia com o City 23. O projeto é assinado pela Pininfarina, tradicional estúdio italiano responsável por desenhar modelos icônicos da Ferrari, e marca a estreia da grife em um empreendimento residencial no Centro-Oeste.


Yachthouse, em Balneário Camboriú, e o Heritage, em São Paulo, também assinados pela Pininfarina, reforçam a força desse nicho/Foto: divulgação

Um mercado em expansão

De acordo com a consultoria britânica Knight Frank, existem hoje mais de 320 projetos imobiliários com assinatura de marcas de prestígio em desenvolvimento no mundo, com expectativa de crescimento anual de 12% até 2026. No Brasil, nomes como Porsche, Versace, Bentley, Four Seasons e a própria Pininfarina já estão ligados a edifícios de luxo em diferentes capitais.

Esse movimento atende a uma demanda crescente por exclusividade e identidade. Em geral, os empreendimentos trazem elementos visuais e funcionais que dialogam com o universo da marca parceira, além de diferenciais como acabamentos personalizados, plantas generosas, serviços integrados e design arrojado.

Complexidade técnica como diferencial

Mais do que aparência, os projetos assinados impõem desafios operacionais significativos. Com especificações técnicas exigentes, soluções estruturais fora do padrão e necessidade de integração entre equipes internacionais e locais, essas obras exigem das incorporadoras um nível de preparo muito mais elevado.

João Gabriel Tomé, sócio-diretor da City Soluções Urbanas, relata que a complexidade desses projetos pode ser duas vezes maior que a de empreendimentos tradicionais.

“A gente menosprezou no início. Mas não é só 10% ou 20% mais difícil, é o dobro. A contratação da Pininfarina já veio com essa consciência de que o desafio seria grande”, afirma.

Entre os exemplos citados por Tomé estão pé-direito mais alto que o usual, uso de vidros e elevadores especiais e mão de obra especializada.

“Tudo isso exige mais controle, planejamento e acompanhamento. Temos hoje consultores que avaliam cada uma das nossas obras periodicamente, com olhar técnico e foco em melhoria contínua.”




City 23, projeto assinado pela Pinifaria, renomado estúdio italiano/Imagem: City Soluções Urbanas

Quando o design vira ativo estratégico

Além de todos os aspectos técnicos, a presença de uma marca global também se reflete na percepção de valor do empreendimento. A estética ganha força como diferencial competitivo, e a reputação do nome atrelado ao projeto passa a influenciar decisões de compra.

O City 23, por exemplo, adota uma linguagem arquitetônica fluida, com fachada curvilínea e varandas com pé-direito duplo. O projeto oferece unidades entre 308 m² e 550 m², além de uma cobertura duplex de 633 m². O conceito “uma mansão por andar” reforça a proposta de exclusividade e conforto.

Tomé ressalta que a conexão com estúdios internacionais também coloca a cidade em outro patamar de visibilidade.

“Quando você traz um nome como a Pininfarina para Goiânia, isso atrai atenção de fora, amplia as conexões da empresa e insere a cidade em discussões mais amplas sobre arquitetura e inovação.”

Uma tendência com impacto local

Projetos assinados devem continuar crescendo nos próximos anos, acompanhando a busca por diferenciação no segmento de alto padrão. Para o mercado goiano, esse movimento representa mais do que luxo: é também um convite à evolução técnica, estética e de posicionamento.

Com mais olhos voltados para empreendimentos que unem excelência construtiva e design internacional, a expectativa é que outras incorporadoras também invistam em parcerias semelhantes, tornando a concorrência mais qualificada e o mercado mais exigente.