Praça Joaquim Lúcio na década de 1940. Foto: Reprodução


O bairro mais antigo de Goiânia completa hoje 215 anos de história. A antiga Campininha das Flores, originada de um arraial cercado pelas águas do Rio Meia Ponte e Córrego Cascavel e que surgiu de um povoado chamado Arraial de Campinas, em 1810, atualmente é conhecida como polo comercial da capital.

Seguindo os preceitos tradicionais cristãos, em 1843 recebeu uma capela. Banhado por rios, com terra fértil e vista deslumbrante, o arraial cresceu, dotado de tudo aquilo que as famílias advindas de fora vieram buscar. Os migrantes de São Paulo e Minas Gerais, que chegaram com intenção de transformar aquelas terras em lar, fizeram o arraial se expandir e, em 1907, Campinas se tornou Vila.

Com o crescimento e popularidade, a Vila começou a ganhar cada vez mais notoriedade na região. Assim, à convite de Dom Eduardo Duarte da Silva, bispo de Goiás à época, padres alemães se instalaram em Campinas trazendo consigo a luz elétrica e o progresso.

A história de Campinas, sempre alinhada à fé católica, tem a construção do setor baseado em preceitos religiosos em cada detalhe. Como no tradicional Colégio Santa Clara, instituição fundada pelas irmãs franciscanas, que se mudaram para a Vila e abriram a primeira escola da região. De convento de freiras a internato que recebia meninas de várias cidades para se formarem professoras, o Colégio até hoje prepara os estudantes para a vida.

Cada rua ao entorno da Igreja Matriz conta uma história. Nas paredes descascadas das casas caiadas de branco e telhado característico repousam memórias de um tempo em que Goiânia não existia sequer em pensamento. O bairro comercial surgiu das pequenas vendinhas que se ergueram na Vila, uma das primeiras delas foi a farmácia do jornalista e escritor Honestino Guimarães, que hoje é nome de rua conhecida no setor.


Casa centenária de Campinas, Igreja Matriz, Coreto da Praça Joaquim Lúcio e fachada do Colégio Santa Clara. Créditos: Paulo Manso e reprodução

O arraial cresceu, e a vila foi engolida pela cidade grande com o passar dos anos. Campininha das Flores viu Goiânia nascer, amadurecer e deslanchar entre os quesitos de uma cidade esteticamente planejada que expandiu em território e serviu de abrigo para tantos migrantes que nela vieram buscar uma vida melhor. A Igreja Matriz de Campinas segue altiva, a observar a expansão do bairro. Ao lado dela, o Colégio Santa Clara ainda recebe crianças, enquanto a antiga Biblioteca Cora Coralina, finado Palace Hotel, vê as décadas passarem apressadas pela Avenida 24 de Outubro. A antiga Casa dos Padres Redentoristas, atualmente conhecido como Centro Cultural Gustav Ritter, agora forma artistas e não mais padres. A Praça Joaquim Lúcio e seu coreto ainda são palco de celebrações, que hoje comemoram 215 anos de progresso e história.



Antigo Palace Hotel, atual Biblioteca Cora Coralina, e Centro Cultural Gustav Ritter. Foto: Reprodução

A importância de Campinas é tão grande, que todos os anos, nesta data, Goiânia se põe aos pés do arraial que a viu nascer. No dia 8 de julho, Campininha das Flores se torna a sede do governo municipal. O sino da Igreja Matriz nesta data badala feliz ao presenciar anos de dedicação sendo reconhecida ao entorno da cidade. Andar pelas ruas de Campinas é um convite à volta ao tempo, um museu ao ar livre, um lembrete de que a vida está acontecendo, mas de que as raízes permanecem mesmo em meio a tanta modernidade.