O governo federal anunciou que está estudando alternativas de um novo modelo de financiamento para crédito imobiliário. A proposta ainda não chegou a ser detalhada, mas, voltou a ser discutida no final de abril deste ano, quando o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que o Brasil necessita de alternativas que diminuam a dependência dos recursos da poupança.

À AutImob, o Advogado da área financeira e tributária e Economista, Danilo Orsida, explicou os motivos da fala do presidente do BC terem causando tanta expectativa no setor. De acordo com ele, a proposta gira em torno de uma modernização necessária. “O que se tem como intenção é a criação de um modelo que reduza a dependência não só da poupança como fonte de financiamento desse modelo do setor imobiliário e do FGTS (Fundo de Garantia do Trabalhador), mas que modernize e amplifique essa fonte de financiamento para outros produtos financeiros no mercado privado”, detalhou o economista.

Segundo ele, o país necessita de novas alternativas, visto que a atual já encontra-se “saturada”. “O contexto da fala do ministro do Banco Central nasce dentro também desse cenário histórico, de que a poupança já não é mais uma cultura - não só a poupança, mas também essas fontes tradicionais de financiamento do mercado imobiliário - já não são mais suficientes, que é preciso repensar o modelo buscando construir um caminho para o futuro”, reforçou Danilo.

Desde a pandemia, os recursos já conhecidos se enfraqueceram, na visão do economista, o que acentuou a necessidade de um novo modelo que se adequasse à nova realidade. “Ao longo dos últimos anos, eu vejo que essas iniciativas começaram lá na pandemia como uma forma de trazer dinheiro para o mercado, permitir que as pessoas pudessem levantar um crédito, um valor. Essas contas foram esvaziadas.Vieram sucessivas políticas de ampliação das hipóteses de saque do FGTS, por exemplo. E eu vejo que essa conta foi esvaziada. Digamos que, historicamente, nos últimos anos, algumas políticas cooperaram para esse cenário”, apontou o especialista.

Expectativa ainda sem detalhamento

O governo sinalizou uma intenção de mudança na área, apesar de ainda não ter apresentado um plano de ação concreto, fato que por si só já causou especulações sobre as medidas. “Eu me arrisco a dizer que é uma modernização do mercado, e é isso que deve acontecer nos próximos meses ou anos. Uma regulamentação ampliando essas fontes de financiamento do setor imobiliário, talvez, me arrisco a dizer, trazendo um pouco mais de modernidade”, apostou Danilo.

O economista apontou quais os possíveis impactos desse novo modelo de funding proposto e como isso poderá afetar tanto o consumidor final no mercado imobiliário, quanto as construtoras e imobiliárias que necessitam de fundos de financiamento. “Pensando pela ótica do consumidor, eu acredito que o consumidor espera um cenário em que haja com menor burocracia e condições interessantes para esse financiamento”, observou.

“Pela ótica do construtor, e aí também é aquele que está na condição de um investidor, eu acredito que o que ele espera é rentabilidade, sobretudo rentabilidade em relação a esse investimento. E criar caminhos alternativos que possam financiar esse aporte capital que também é vultuoso, é um investimento de alto risco. É um caminho que retira, talvez, dessa dependência ou amplifica a possibilidade para nossos produtos financeiros”, completou.

Danilo Orsida finalizou destacando que, na medida em que outras fontes venham a surgir, fundos de investimento, letras de câmbio, outros produtos que já são transacionados no mercado privado, “poderão modernizar a expectativa e a sinalização do governo, e é por esse caminho, numa tentativa de modernizar e criar um novo mercado”, pontuou.