O mercado imobiliário de Goiás tem registrado uma mudança importante no perfil dos lançamentos de condomínios horizontais. Incorporadoras tradicionais estão apostando cada vez mais em casas prontas dentro de condomínios fechados, um modelo que atende tanto à busca por segurança quanto ao desejo do goiano de viver em casa, sem enfrentar as dores de cabeça de uma obra. A tendência, que também reflete a escassez de mão de obra na construção civil, vem conquistando o público e gerando vendas aceleradas.

A reportagem é do jornal O Popular, que destaca o avanço desse modelo em diferentes regiões da Grande Goiânia, com destaque para municípios como Senador Canedo e Aparecida de Goiânia.

FGR aposta no conceito e registra vendas recordes

Uma das pioneiras neste movimento foi a FGR Incorporações, conhecida pela grife de condomínios de lotes Jardins. A partir de 2019, a empresa iniciou um projeto-piloto com unidades prontas, após identificar a dificuldade de parte dos clientes em construir nos terrenos adquiridos. "Criamos o evento Arquitetando e vimos que havia dificuldade para conseguir recursos", afirmou ao O Popular a diretora comercial da FGR, Camila Alcântara.

O sucesso foi imediato. O empreendimento Jardim Marselha, com 626 casas prontas, teve todas as unidades vendidas em tempo recorde. Hoje, o condomínio já está entregue, com infraestrutura completa, incluindo uma padaria interna. O mesmo aconteceu com os Jardins Leon, Cannes, Frankfurt e Berlim, todos 100% vendidos.

O mais recente lançamento da FGR, o Jardins Grécia, reforça o modelo. Serão 598 casas, com preços a partir de R$ 990 mil, na entrada de Senador Canedo. O cliente pode escolher entre casas térreas e sobrados, com diversas tipologias de fachada e até financiamento direto com a construtora em até 480 meses. A expectativa é de comercialização total no pré-lançamento.

"Temos tido um processo migratório de apartamentos para casas. Neste novo projeto, 80% dos clientes vêm de apartamentos, buscando quintal, segurança e qualidade de vida", explica Camila.

Além disso, muitos compradores optam pelas casas prontas devido à dificuldade de obter crédito para construir. "A demanda é crescente e as vendas muito rápidas. O goiano gosta de pisar no chão e ter liberdade", resume.

Casas valorizam e trazem comodidade

O empresário Leonardo Rebouças, por exemplo, comprou uma casa no Jardins Marselha por R$ 650 mil em 2020. Hoje, o imóvel está avaliado em R$ 1,2 milhão. "Optei pela casa pronta pela dificuldade de aprovação de projetos nas prefeituras e pela mão de obra escassa. Acompanhar obra é muito difícil. Com a casa pronta, entrei só com móveis e iluminação", contou.

Condomínios de sobrados e novos formatos

Outras incorporadoras também seguem essa tendência, como a Cinq Desenvolvimento Imobiliário, que junto com a Palme, lançou o Uniq, no Setor Faiçalville. São 75 sobrados de 180 m², com 3 suítes e lazer completo. As vendas já estão praticamente esgotadas, mesmo com as obras em estágio inicial. O tíquete médio é de R$ 1,4 milhão.

"O cliente quer morar em casa com a segurança de um prédio, mas sem o desgaste da construção. Hoje, ele não se incomoda que a casa do vizinho seja igual", afirmou Eduardo Oliveira, diretor de Novos Negócios da Cinq.

A empresa também projeta um bairro planejado em Aparecida de Goiânia, com 2,8 mil unidades residenciais e espaços para comércio e serviços, reforçando o conceito de novo urbanismo.

EBM também aposta no segmento

Outra gigante do setor, a EBM Desenvolvimento Imobiliário, já entregou um condomínio de casas e prepara o próximo. Em 2023, lançou 180 casas de 2 dormitórios na região do Parque Atheneu, todas vendidas em 60 dias. Agora, prepara um novo condomínio com 240 casas de 3 dormitórios, sendo 1 suíte, no Jardim Bela Vista, com preços médios de R$ 700 mil.

"O desejo de morar em casa é quase universal, mas as pessoas têm receio pelas distâncias e pela segurança. Com os condomínios de casas bem localizados e com lazer completo, conseguimos oferecer uma alternativa viável", explica Marcos Túlio Campos, diretor de Incorporação da EBM.

Segmento ainda é restrito, mas com grande potencial

Dados do setor mostram que, em 2024, Goiânia registrou mais de 10 mil lançamentos verticais, enquanto os horizontais ficaram abaixo de 2 mil unidades, o que demonstra o potencial de crescimento e a escassez de oferta. "Há uma grande demanda, mas também desafios logísticos e estruturais, já que construir casas exige grandes áreas e uma mão de obra mais espalhada", aponta Campos.

Outro atrativo do modelo é a possibilidade de financiamento bancário convencional, o que não ocorre na compra de lotes. "A casa pronta permite alienação fiduciária e segue a lei da incorporação, o que facilita o acesso ao crédito e amplia o público potencial", finaliza o executivo.


Fonte: jornal O Popular.