No último dia 4 de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa básica de juros, a taxa Selic, a 15% ao ano, pela terceira vez consecutiva. A decisão preocupou o mercado imobiliário. De acordo com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) o atual nível mantém o país com o segundo maior juro real do mundo e aprofunda os sinais de desaceleração já perceptíveis na economia.

Em entrevista à AutImob, o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), destacou que a atual conjuntura econômica não favorece nenhum setor, incluindo o imobiliário. “Temos debatido isso a nível federal, que de fato a taxa Selic, nos patamares que ela está, não ajuda em nenhum segmento. E esse é um ofensor para o setor produtivo”, afirmou.

De acordo com Melazzo, a expectativa é que a taxa básica de juros comece a reduzir a partir da próxima reunião, que está prevista para os dias 9 e 10 de dezembro. “Temos visto que o movimento do Banco Central é de uma manutenção com uma leve queda. O ano que vem vai ser um ano importante na questão da taxa Selic, é um ano político. Imaginamos que o governo tome algumas medidas para que ela reduza.Temos mostrado isso para o governo, trabalhado para que, de fato, ela tenha que ter a redução e chegue aí ao final de 2026, perto do segundo dígito, um pouquinho abaixo”, pontou o presidente da Ademi-GO.

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Em nota ao O Dia, a Abrainc reforçou a necessidade de avançar em reformas estruturais voltadas ao controle dos gastos públicos, criando as condições para uma redução sustentável das taxas de juros. “Isso é essencial para construir um ambiente econômico mais equilibrado, que estimule o investimento produtivo, a geração de empregos e o acesso à moradia digna. Para se ter ideia, estudo da associação afirma que, nos últimos cinco anos, o aumento das taxas retirou cerca de 800 mil famílias do mercado de crédito para aquisição de imóveis de R$ 500 mil, um recuo de 50% no público elegível”. De acordo com a Abrainc, cada ponto percentual de aumento nas taxas elimina, em média, 160 mil famílias do financiamento.

A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) também observou que, embora a decisão do Copom seja pela persistência da inflação de serviços e pela necessidade de ancorar expectativas, o prolongamento da taxa básica de juros em patamar elevado ameaça frear investimentos na construção, comprometendo novos lançamentos imobiliários e a geração de empregos. “A construção é um dos setores mais sensíveis ao custo do crédito e à confiança do consumidor. Uma Selic de 15% por um ciclo longo traz desafios, porque o setor depende de financiamento de longo prazo e esse custo torna muitos projetos inviáveis”, disse Renato Correia, presidente da CBIC, ao O Dia.